quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Ausência

A tua ausência ainda preenchia toda a casa. Nunca uma ausência, um buraco, foi capaz de preencher toda uma vida. Tudo ali te esperava, as portas tinham a ânsia de abrirem-se, os livros empoeirados amarelavam-se a cada dia na estante e nada de ti. Os ponteiros do relógio giravam e giravam, como versos de uma poesia sem fim. Cada gaveta da casa guardava um segredo teu, cada pedaço de madeira estalava-se ao achar que tu estavas por vir. A tua ausência te fez presente, muito mais presente do que tudo o que havia de mais concreto ali. A tua ausência preenchia horas, espaços, gavetas, lençóis, uma casa inteira, todo o meu ser.

Um comentário:

Anônimo disse...

é...as vezes a saudade não tem dó...chega e se instala, fica tanto que vira presença concreta...gostei...